Eu sendo a professora, pela primeira vez




O dia era 15 de fevereiro, a primeira segunda-feira após o carnaval. Eu estava muito ansiosa, digamos que era uma mistura de ansiedade e medo. Eu sabia como tudo deveria acontecer, tudo havia sido planejado (no papel, é claro)... Eu não os conhecia, não sabia o que estava me esperando. Pra mim, a teoria iria entrar em prática, mesmo não sendo no lugar idealizado e estudado, mas, era o que tínhamos. Respirei fundo, tentei colocar um rosto confiante, abri a porta e, com toda determinação, os saudei: "Good morning, guys! How are you today?", eles me olharam com cara de curiosos, e me responderam meio desconfiados, "good morning! Fine". Sorri, e expliquei, aos poucos alunos, que eu era a nova professora de inglês. A turma era a do sétimo ano, eles eram uma gracinha, poucos, mas uns queridos. Fiquei impressionada com a pouca quantidade de alunos, mas ao mesmo tempo empolgada.
A turma seguinte foi a do primeiro ano, os meninos já eram maiores, senti que eles já não eram tão abertos. Mas não me senti intimidada, muito pelo contrário, me senti desafiada. Os 50 minutos foram suficientes para perceber que aquela turma não se encaixa nenhum pouco no padrão utópico que é, muitas vezes, apresentado pela Faculdade. Quando entrei no curso, eu sonhava com turmas super dinâmicas, participativas, motivadas; com alunos que amassem inglês do fundo do coração, com um ótimo nível de inglês; sonhava também com um salário muito digno e lindo... É, sonhos... sonhos....
Os meninos do primeiro ano, disseram que não precisavam revisar o tal do verbo TO BE, porque eles já haviam estudado antes, eu até quis acreditar que não precisava, mas algo dentro de mim me disse pra dá uma revisadinha... Foi como eu suspeitei, era realmente preciso reforçar o tão repetido TO BE.
Minha terceira aula foi na turma dos fofos e apimentados do sexto ano. Eles me olharam cheios de curiosidade, me encantei! Foi super legal! Os meninos, mesmo com dificuldade queriam muito ir além do que é dado como conteúdo obrigatório. A turma que eu mais fiquei impactada foi a do oitavo ano, eram 3 alunos em sala. Que louco, né? Mas, Ângela, era uma escola pública? Não!! Isso mesmo, era um escola particular, pequena, pequenina, mas com um localização razoável. Até hoje me pergunto qual o motivo disso! A turma era pequena, mas era inquieta, agitada, agoniante. A última aula foi no nono ano, eles eram adoráveis, mas sem o amor utópico pela língua inglesa.
Não fiquei mais que um mês na escola. Por motivos óbvios. Mas sair de lá me deixou pra baixo, não é fácil para quem tá começando... Ainda não terminei o curso, e sendo assim as pessoas acreditam que eu não estou pronta, ah, a idade também tem um peso, e como tem! Ah, e na maioria das vezes o seu trabalho não é reconhecido, o salário não é lá essas coisas não.
Eu andei refletindo: Será mesmo que o curso que eu faço me prepara para a sala de aula? Será que eu tô realmente pronta pra assumir o papel de professora?

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