A última carta...



Ouça enquanto lê: 



Respirei fundo. Tomei uma dose diária de decisão. Peguei lápis e papel, deixei as palavras saírem do fundo do meu peito. A minha ideia era tentar uma libertação daquilo que me sufocava. Eu não tinha certeza se aquilo era o certo a se fazer, mas de uma coisa eu sabia, não queria mais aquilo pra mim. Tem horas que bate um cansaço, e por que não tirar isso?!
O tempo passou, porém alguns pedaços ainda não se encaixaram, a dor vez ou outra persiste, mesmo eu tomando as devidas providências. Estava determinada, não era mais aquilo que eu queria pra mim. Acumular não seria mais uma palavra no meu vocabulário da vida. Respirei fundo mais uma vez, pensei, tentei organizar as coisas para que não houvesse mais desculpas. Ajeitei o lápis na mão, e segui escrevendo o que vinha pela cabeça. Cada palavrinha, cada frase tinha um gostinho engraçado de libertação. Mesmo sabendo que aquilo poderia me magoar, decidi ir até o fim. O meu peito estava farto, eu não poderia seguir assim. Eu não poderia me sentir tão perdida. Eu não queria mais.
O foco era expulsar de dentro de mim coisas que a mim não interessam mais. Coisas que, graças a todo acontecimento, perderam o valor, e o significado. Eu não estava interessada no Feedback. Talvez tenha se concretizado, talvez eu tenha criado uma espécie de bloqueio, talvez as camadas de gelo tenham se espalhado.
Finalmente, a folha de papel estava repleta de palavras, li e reli, e sim, estava tudo ali. Enviei, e senti uma mistura de adrenalina com alívio...Como se nada daquilo me pertencesse mais. E de fato, nada mais pertence a mim. Deixei pra trás tudo, assim como fizeram... E naquele dia, naquele inconstante dia, derramei algumas poucas lágrimas sem motivo algum. Apenas por chorar. Perdeu-se tudo. Foi-se tudo... E tudo tem ido, aos poucos, com calma, com mansidão...
Enviei a carta sem ter a vontade de lê-la novamente. Rasguei o rascunho, assim como rasgaram dentro de mim o meu coração. Fechei os olhos. Disse adeus. Enxuguei as lágrimas e sorri. Não seria mais aceitável atrasar minha vida. Não seria mais cabível cultivar e nutrir o que não existe. Sou enérgica quanto a isso.
Fiz questão de montar prontidão só para me certificar que meu coração não pediria por mais. E ele não pediu, não hesitei em tirar daqui significados "importantes". Tirei, joguei, pisei, esfarelei... Deixei.


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