O monstro que eu "criei"...



Ouça enquanto lê:




O monstro que eu criei não tem garras assustadoras, nem presas que dilaceram. Ele não mora numa floresta assombrada, nem sai perseguindo pessoas. Ele nunca matou ninguém. Ele não é tão assustador, mas não se deixe levar. Tem nome e sobrenome. Tem identidade e CPF. Parece ser boa gente. Conseguia arrancar de mim risadas escandalosas. Mas, como todo bom monstro, ele fez sua monstruosidade.

O monstro que eu criei esteve por perto, perto mesmo. Eu não tinha medo dele. Ele era camarada até se revelar. Seu ataque foi terrivelmente certeiro. Começou por "meias palavras", acompanhadas por pancadinhas de sentimentos, gotejos de lágrimas, palavras ponderadas e um gran finale horrendo, daqueles bem macabros, demonstrando a potência de sua monstruosidade.  Ele não precisou de artefatos para ferir, suas atitudes fizeram isso com propriedade.

O monstro que eu criei se criou sozinho, mas para ele eu que o criei, juntamente com essa imagem tão sombria. Ele fez isso sem nem se dar conta (é apenas uma suposição). Mas, segundo o  monstro de minha autoria, o tamanho do estrago causado por sua monstruosidade não me deixou ver tudo que tem acontecido ao meu redor. Será? Eu tenho certeza que não!

O monstro que eu criei, ao invés de berrar, ou emitir sons que apavoram, fala naturalmente. É diferente dos outros monstros por apresentar características tipicamente humanas. Lá no fundo do peito dele, tem um coração, tão imaturo, oh tadinho!. Na cabeça dele tem um cérebro altamente racional mais que ao mesmo tempo é completamente capaz de cometer as piores idiotices...

O monstro que eu criei não se poupa, nem poupou suas vítimas, até porque monstros são monstros.

Eu o criei ou ele se deixou criar? 

Querido monstro criado, as feridas ainda doem, o sangue vez ou outra ainda jorra, mas eu nunca me culpei por ter entrado no seu campo de ataque. Querido monstro criado por mim, as marcas irão ficar, talvez as cicatrizes incomodem, talvez eu chore ao lembrar... Querido monstro, saiba que o tempo não é o remédio, mas pode ser um antidoto.



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